Panorama internacional

Amigos da Rússia ajudam Moscou a derrubar ordem mundial liderada pelos EUA, analisa mídia americana

Vladimir Putin encerrou sua viagem à China onde os laços foram renovados, no entanto, não é só o gigante asiático que é amigo de Moscou. Mais de dois anos após o início da operação na Ucrânia, está muito longe dos esforços dos EUA e dos seus aliados do G7 de isolar o líder russo, escreve a Bloomberg.
Sputnik
A mídia analisa que muito foi feito para "encurralar a Rússia": sanções abrangentes, congelamento de ativos e expulsão do sistema SWIFT, foram algumas das ações. Um ano depois, a Corte Internacional de Justiça (CJI) emitiu um mandado de prisão contra Putin.
No entanto, a adesão chinesa é espelhada por uma rede de vários outros Estados que mantiveram Moscou longe do estatuto de pária, escreve a mídia. Muitos unem-se para reforçar interesses comuns em cúpulas como o G20 ou para trazer uma nova perspectiva em blocos como o BRICS.
Alguns são movidos por interesses próprios pragmáticos, centrando-se na energia, no comércio ou em considerações econômicas. Para outros, a cooperação militar ou as armas estão no cerne da entente.
Porém, na maioria das vezes, compartilham uma perspectiva comum com a Rússia: um desejo de suplantar a ordem mundial pós-Guerra Fria, liderada pelos Estados Unidos, afirma a mídia.
O presidente russo, Vladimir Putin, e o presidente chinês, Xi Jinping, durante reunião informal em Pequim, na China, em 16 de maio de 2024
No caso de Pequim, os chineses e os russos dividem o objetivo de desafiar a ordem liderada pelos EUA e excluir as alianças capitaneadas por Washington.
A China também gosta de ter outro Estado poderoso ao seu lado enquanto procura remodelar a ordem internacional. Prova disso é a coordenação de suas posições no Conselho de Segurança das Nações Unidas, onde ambas exercem vetos e fizeram causa comum contra medidas norte-americanas.
Com a Arábia Saudita, a Rússia ajuda a moldar o mercado petrolífero global e a maximizar receitas através da aliança OPEP+. Putin também fez uma visita a Riad em dezembro, o que demonstrou que ele é, sim, bem-vindo em partes do globo.
O presidente dos EUA, Joe Biden, reverteu a promessa anterior de isolar Riad e procurou reforçar a aliança dos dois países. Mas como a política externa saudita é cada vez mais transnacional e impulsionada por interesses econômicos, os laços com Moscou só deverão aprofundar-se.
O presidente russo, Vladimir Putin, e o príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman Al Saud, chegam para uma reunião no Palácio Al Yamamah, em Riad, na Arábia Saudita, 6 de dezembro de 2023
Já a Turquia, foi o terceiro maior mercado de exportação russo no ano passado. Ancara, assim como os sauditas, não seguiu as sanções ocidentais contra o Estado russo e se tornou um centro-chave para as importações embargadas pelo Ocidente à Rússia, afirma a mídia.
Com o Irã, Moscou está construindo uma rota comercial, que se liga à Índia, a qual pode ajudar a enfraquecer o impacto das sanções internacionais. Autoridades russas e iranianas discutiram recentemente o reforço da cooperação financeira e bancária para aliviar a pressão das sanções. Teerã também confiou em Moscou a construção de sua usina nuclear de Bushehr e compartilha com a Rússia a rejeição à presença dos EUA no Oriente Médio.
Citando a Índia, outro país que não aceitou as sanções contra os russos, Nova Deli tem sido uma grande compradora de petróleo russo (o qual foi embargado em diversos lugares no mundo) e tem em Moscou um fornecedor de armas de longa data e confiável. Na sexta-feira (17), o chanceler indiano, Subrahmanyam Jaishankar, disse que o aumento do comércio entre Índia e Rússia "não é um fenômeno temporário", conforme noticiado.
Os fortes laços com Moscou também proporcionam um contrapeso a outras grandes potências globais, ajudando a Índia a manter a autonomia estratégica, analisa a Bloomberg.
Panorama internacional
Irã está inclinado a ver Rússia como peça-chave na resolução do conflito no Oriente Médio
Com África do Sul, outro parceiro do BRICS assim como a Índia, os laços são históricos, visto que decorrem da postura proativa que a União Soviética assumiu contra o domínio da minoria branca no país. Vários membros seniores do Congresso Nacional Africano procuraram refúgio e receberam treino militar na Rússia durante a era do apartheid, relembra a agência norte-americana.
O presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, recusou ontem (17) participar da cúpula de paz sobre a Ucrânia na Suíça. Os dois países também têm desenvolvido boas pontes através da assistência à segurança, armas e cereais russos.
Quanto a outra nação fundadora do BRICS com Pretória, Moscou e Nova Deli, o Brasil, os laços se mantêm firmes e fortes com a Rússia. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem repetidamente rejeitado apelos para o envio de armas para Kiev, argumentando que a estratégia dos EUA e da União Europeia está minando a perspectiva de uma solução negociada.
Na frente comercial, o Brasil importa fertilizantes russos, bem como diesel e derivados de petróleo. Mais importante ainda, o Brasil consegue um parceiro nos esforços para remodelar a ordem global liderada pelos EUA.
Nesta foto divulgada pelo Ministério das Relações Exteriores da Rússia, os participantes assistem à transmissão do discurso do presidente russo, Vladimir Putin, durante a 15ª Cúpula do BRICS, em Joanesburgo, na África do Sul, 23 de agosto de 2023
Há muito que Lula pressiona por reformas em instituições globais como o FMI, a fim de torná-las mais representativas do Sul Global. Mas mesmo à parte Lula, os líderes brasileiros encontram na Rússia um aliado seguro de longa data, analisa a agência.
Por fim a Hungria, com o governo do primeiro-ministro Viktor Orbán, manteve laços estreitos com Putin, tendo o líder húngaro reunido com o seu homólogo em Pequim em outubro do ano passado.
Isso proporcionou ao presidente russo um aliado dentro da União Europeia que susteve ajuda financeira à Ucrânia, criticou os diálogos da adesão de Kiev ao bloco e até atrasou em mais de um ano a entrada da Suécia na OTAN.
Budapeste é uma das poucas capitais do bloco europeu que ainda recebe gás russo, e a empresa nuclear Rosatom mantém um papel de liderança na expansão da sua única usina nuclear. Entretanto, Orbán, que foi declarado um tipo de "democrata iliberal", obtém apoio para a sua alternativa ideológica à ordem internacional liderada pelos EUA, reafirma a mídia.
O primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, e o presidente russo, Vladimir Putin, participam de uma reunião em Pequim, China, 17 de outubro de 2023
Outros países como Emirados Árabes Unidos, Coreia do Norte, Egito, bem como antigos aliados latinos como a Venezuela e Cuba, também mantiveram laços com Moscou.
Por enquanto, apesar dos melhores esforços dos EUA e dos seus aliados, a Rússia permanece tudo, menos isolada, complementa a Bloomberg.
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