"Esse pedido jamais seria realizado pelo procurador se não houvesse provas robustas. Todo mundo está vendo vários relatórios, inclusive da ONU [Organização das Nações Unidas], da Anistia Internacional e de vários organismos internacionais […]. Com tudo isso, a Câmara [do TPI] confirma ou não o mandado de prisão que é expedido para todos os Estados-membros, inclusive a Interpol, e a grande consequência disso é que as pessoas [alvo do pedido] ficam reclusas ao seu território ou de países que não fazem parte do tribunal", resume a professora.
"A guerra é proibida pelo direito internacional desde o fim do século XIX. Temos toda a codificação para haver o mínimo de legalidade em um conflito armado, como o direito de defesa previsto na Carta das Nações Unidas. Entretanto, a legítima defesa tem parâmetros específicos, como o princípio da proporcionalidade. E é isso que tem unido a comunidade internacional diante da morte de milhares de crianças e mulheres, totalmente desproporcionais. A quantidade de bombas que Netanyahu despejou em Gaza nas duas primeiras semanas equivale a duas bombas atômicas", diz.
"Ele não detém a grande maioria [dos eleitores], e a simpatia é cada vez menor dentro de Israel. Inclusive têm sido reprimidas em Tel Aviv as manifestações da oposição de forma violentíssima. Então Netanyahu quer se manter no poder, mas não adianta, vai cair […]. Ele conseguiu mostrar para o mundo que é uma pessoa que comete o mesmo crime que foi realizado contra os judeus anos atrás", declara.
Quem reconhece a Palestina como país?
Medida tem mais força moral do que política, defende professora
O que é o crime de genocídio?
"O genocídio difere dos outros tipos penais porque tem que haver a prova de um elemento subjetivo chamado intenção, que é o dolo. Então, o sujeito, quando mata, extermina, faz deslocamento forçado. São formas de cometer o genocídio. Ele violenta a vítima, transfere crianças de grupo e faz com a intenção de destruir, no todo ou em parte, um grupo nacional, ético, racial ou religioso. Então, a prova do dolo, dessa intenção, é muito mais difícil. Por exemplo, nunca se conseguiu comprovar que [Slobodan] Milosevic deu a ordem para os extermínios dos sérvios", compara.