"A FIFA e, mais ainda, o COI [Comitê Olímpico Internacional] sempre tentaram separar os esportes da política com base na ideia de que deve ser um elemento de união entre os povos. Mas, frequentemente, a política acaba impedindo isso. Naturalmente, todos os países que recebem uma Copa do Mundo ou Jogos Olímpicos querem usar esses eventos para melhorar (ou até mesmo renovar ou limpar) a imagem do seu país perante a comunidade internacional. Israel e Rússia são apenas os mais recentes episódios desse uso", afirma.
Por que Israel disputa competições europeias?
"A aplicação seletiva de sanções pode dar a impressão de parcialidade e comprometimento político por parte de organizações esportivas, como a FIFA e a UEFA. Quando essas entidades agem de forma inconsistente em situações similares, elas correm o risco de serem vistas como instrumentos de agendas políticas específicas, em vez de árbitros neutros do esporte. Isso pode minar sua credibilidade e autoridade, afetando a confiança de atletas, países-membros e fãs. A percepção de injustiça ou duplo padrão na aplicação de sanções pode gerar divisões e prejudicar os princípios de fair play e unidade que o esporte internacional busca promover", resume.
'Não há dúvidas sobre a seletividade'
"A própria FIFA não é um exemplo de instituição que goza de grande e boa reputação no mundo. São inúmeros os casos que envolvem a entidade em denúncias de que não há sempre o jogo limpo [fair play]. Vale lembrar que bilionários russos, até o início da guerra na Ucrânia, em fevereiro de 2022, eram proprietários de grandes clubes de futebol na Inglaterra. E as sanções afetaram as finanças desses times."
"Então quem acaba tomando essas decisões são as associações, não os governos dos países. Agora, a questão de algumas delas se posicionarem às vezes contra a Rússia é uma questão da entidade, não necessariamente do governo, o que acaba prejudicando os próprios esportistas do país. E é claro que elas querem atingir a imagem dessa nação em específico."