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Violência e divisão: ataque a Trump ocorre diante da polarização aguda nos EUA, diz analista

© AP Photo / Eric ThayerUma mulher anda de skate em um comício de apoio ao candidato presidencial republicano, ex-presidente Donald Trump, em Huntington Beach, Califórnia, 14 de julho de 2024
Uma mulher anda de skate em um comício de apoio ao candidato presidencial republicano, ex-presidente Donald Trump, em Huntington Beach, Califórnia, 14 de julho de 2024 - Sputnik Brasil, 1920, 15.07.2024
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O ataque contra o ex-presidente Donald Trump ocorreu em meio a uma crescente polarização da sociedade norte-americana, alimentada por discursos cada vez mais extremistas no debate público. Como essa divisão influenciou os acontecimentos ocorridos na Pensilvânia no último sábado (13)?
Antes do ataque contra Trump, no primeiro debate presidencial, tanto o candidato republicano como o atual presidente democrata Joe Biden evitaram apertar as mãos no início da reunião, um gesto menor que captou a atenção midiática.
A distância entre as posições políticas dos habitantes dos Estados Unidos aumentou nos últimos anos. Segundo estudo da Universidade Vanderbilt, a união no país fechou 2023 classificada com 46,48 pontos em uma escala de 100, três pontos abaixo em relação ao início do ano.
O estudo prepara seu ranking considerando fatores como a aprovação do atual presidente ou o percentual de pessoas que se presumem extremamente liberais ou conservadoras.

Violência nos EUA

O professor Alejandro Martínez Serrano, da Faculdade de Estudos Superiores (FES) Aragón da Universidade Nacional Autônoma do México (UNAM) e da Universidade La Salle do México, considerou em entrevista à Sputnik que um primeiro ponto de partida para entender a divisão nos Estados Unidos é considerar que sua sociedade é inerentemente violenta.
"O cidadão norte-americano tem o direito de portar e possuir uma arma independentemente de qualquer distinção em termos de calibre, tamanho e dimensão; neste sentido existe a possibilidade de que pessoas com desequilíbrios mentais, pessoas com espírito de vingança ou com questões ligadas a aspectos ideológicos como a supremacia branca têm a possibilidade de tê-las e utilizá-las", considerou o especialista.
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Segundo informações do portal Gun Violence Archive (Arquivo de violência armada), quase 300 tiroteios foram registrados nos Estados Unidos até agora neste ano, ou seja, quase dois por dia.
O Departamento Federal de Investigação (FBI, na sigla em inglês) dos EUA divulgou no domingo (14) os detalhes do autor do ataque contra o ex-presidente Trump, que foi identificado como Thomas Matthew Crooks, um jovem de 20 anos.
Ao rastrear a origem da arma que utilizou no ataque, um fuzil semiautomático tipo AR, constatou-se que ela foi adquirida por seu pai. As autoridades também indicaram que a motivação do ataque ainda permanece desconhecida até o momento.
"Mesmo que, por exemplo, estejamos falando de uma tentativa de assassinato, não veremos uma restrição ao uso de armas, mas pelo contrário, isso não parece ser um apelo à pressão sobre o controle de armas", disse Juan Daniel Garay Saldaña, mestre em estudos sobre México-Estados Unidos pela UNAM, em entrevista à Sputnik.

Radicalização nos EUA

Nos últimos tempos, os cidadãos norte-americanos radicalizaram as suas posições políticas. Por exemplo, o estudo da Universidade Vanderbilt mostra que no início de 2023, 24% das pessoas se consideravam "extremamente liberais" ou "extremamente conservadoras". No final do mesmo ano, esse número subia para 28%.
Segundo o analista Martínez Serrano, essa polarização tem sido mais perceptível nos setores ultraconservadores dos EUA. Ele menciona, por exemplo, o caso da invasão ao Capitólio ocorrido em 6 de janeiro de 2021, levado a cabo por grupos da chamada alt-right (direita alternativa) do país.
No entanto, o especialista Garay Saldaña sustentou que essa radicalização pode ser percebida em ambos os espectros políticos dos EUA.
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"Por um lado, vemos esses grupos de extrema direita, mas também vemos nesta parte da esquerda progressista nos Estados Unidos o papel que os democratas desempenharam, talvez não com a manifestação tão visível em outros aspectos como temos visto com grupos de direita, mas pelo menos aqui parece ser uma situação em que há oposição direta ao candidato republicano", destacou o especialista.
Embora tenha havido uma condenação generalizada do ataque na ala democrata, o analista considera que discursos como os que afirmam que o regresso de Trump significaria o fim da democracia norte-americana não ajudam a dissipar a divisão na sociedade norte-americana.
No dia 28 de junho, o presidente Joe Biden, que busca a reeleição, chamou Trump de "uma ameaça genuína à nossa nação".

O futuro (não brilhante) dos EUA

Ambos os especialistas concordam que depois das eleições a polarização poderá aumentar.
"Embora todos esperem que haja uma tentativa de unidade nacional, de reconciliação nacional, com base nesses acontecimentos, infelizmente acredito que não será esse o caso [...] a radicalização dos grupos continuará avançando", disse o analista Garay Saldaña.
Além disso, ambos os especialistas sublinharam que uma vitória republicana obrigaria o Partido Democrata a renovar a sua liderança, observando que não existem figuras capazes de liderar um processo de reconciliação nacional nos Estados Unidos atualmente.
Martínez Serrano acredita que essa liderança deve partir dos mais diversos setores da sociedade e "não esperar mais que um octogenário tente salvar a face do Partido Democrata".
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