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Mão de ferro: 'guerra comercial' entre EUA e China deve ser intensificada em 2025, notam analistas

© AP Photo / Andy Wong, FileO então presidente americano, Donald Trump, e o presidente chinês, Xi Jinping, durante encontro (foto de arquivo)
O então presidente americano, Donald Trump, e o presidente chinês, Xi Jinping, durante encontro (foto de arquivo) - Sputnik Brasil, 1920, 02.01.2025
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O ano de 2025 já tem caminhos predeterminados no cenário geopolítico — como a eleição de Donald Trump para a presidência dos EUA —, mas os desdobramentos ainda são uma incógnita. Em entrevista ao Mundioka, podcast da Sputnik Brasil, especialistas trazem um norte do que pode vir a ser este ano para a política internacional.
Donald Trump tomará posse como presidente dos EUA no dia 20 de janeiro. A troca no Poder Executivo da maior potência mundial mexe com o xadrez da geopolítica internacional.
Com o republicano, por exemplo, é esperado um governo voltado para a política doméstica, com um viés protecionista, conforme os analistas.
O presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, discursa durante entrevista coletiva conjunta com seu homólogo chinês, Xi Jinping, no Palácio da Alvorada. Brasília, Brasil, 20 de novembro de 2024 - Sputnik Brasil, 1920, 16.12.2024
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"Uma das coisas que a gente pode esperar é um aprofundamento de uma política nacionalista e mais protecionista em termos de economia no governo americano, principalmente com aquele foco que o Trump dá, que é o do America First", diz Fernanda Nanci Gonçalves, professora do Programa de Pós-Graduação em Relações Internacionais da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).

Segundo Gonçalves, outras medidas prometidas por Trump ainda durante a campanha presidencial — como a intensificação do controle migratório — podem se tornar uma realidade agora. Além disso, o presidente eleito deve encontrar um cenário mais brando para governar que em seu primeiro mandato, uma vez que terá maioria no Congresso.

"Talvez ele tenha mais facilidade para governar agora, porque ele está com maioria no Congresso, então acho que ele vai ter uma administração mais alinhada a ele, e isso também pode fazer com que ele passe algumas das suas medidas com mais facilidade, algumas das suas propostas", comenta.

Ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, na abertura do Seminário Internacional Perspectivas e o Futuro da Índia e Brasil, em Nova Deli. Índia, novembro de 2023 - Sputnik Brasil, 1920, 11.11.2024
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Brasil pode se beneficiar de eventual guerra comercial de Trump com a China, diz ministro
Para Guilherme Frizzera, doutor em relações internacionais pela Universidade de Brasília (UnB) e coordenador do curso de relações internacionais do Centro Universitário Internacional Uninter, Trump pode trazer ainda questões pessoais para o seu governo, motivado por vingança.

"Ele já disse que no primeiro dia do mandato dele ele vai atuar até como um líder autoritário, e se espera que no primeiro dia ou nos primeiros dias ele conceda perdão a si mesmo, aos seus filhos e a todos os envolvidos naquela tentativa de invasão ao Capitólio. […] Isso que se espera no campo pessoal, um Donald Trump focado em vingança, nas palavras do próprio."

Já no âmbito das relações internacionais, os especialistas destacam a possível intensificação da "guerra comercial" entre os EUA e a China.
"Esse é o verdadeiro grande conflito pelo qual o mundo passa há muitos anos", diz Frizzera, ressaltando que medidas como o aumento de restrições a produtos de alta tecnologia da China — carros elétricos chineses, por exemplo, não são permitidos nos Estados Unidos —, mostram que "os interesses dos grandes empresários americanos que apoiam Donald Trump estarão interligados ao seu comportamento de política externa".
Por outro lado, Gonçalves relembra que os chineses já deixaram claro que são capazes de responder a essa guerra comercial.

"Foi falado agora, há pouco tempo, por parte do governo chinês, que, se necessário, eles vão também controlar exportações de alguns produtos que são utilizados pelos Estados Unidos para produzir tecnologia que tem alto valor agregado", pontua.

Acordo entre Mercosul e UE: quando entrará em vigor?

Sobre a parceria comercial entre os blocos firmada no ano passado, mas ainda não sendo unanimidade entre os líderes dos países da União Europeia (UE), ainda pode demorar a ser implementada, de acordo com os analistas.
O presidente francês Emmanuel Macron observa enquanto visita a feira comercial de defesa e segurança terrestre e aérea Eurosatory, no Centro de Exposições Paris-Nord Villepinte em Villepinte, ao norte de Paris, 13 de junho de 2022 - Sputnik Brasil, 1920, 12.12.2024
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Influência de Macron enfraquece no mundo, na UE e no acordo com Mercosul, diz analista

"Sinceramente, eu acredito que ainda vai demorar. […] Ainda vai passar pela tradução do acordo, ainda vai passar por um processo de internalização do acordo que demanda, obviamente, a ratificação pelos Estados-membros, e aí que eu acho que a gente tem os grandes problemas. E o maior problema que a gente vai enfrentar certamente é a oposição dos países como, por exemplo, França, Áustria, Países Baixos, Bélgica, que têm um setor agrícola fortalecido", explica Gonçalves.

Apesar da demora prevista, a analista vê o acordo com bons olhos, que demonstra que ainda há espaço para o multilateralismo, após, nos últimos anos, o cenário global apontar "para a intensificação de políticas protecionistas."

Troca de poder à vista na Alemanha

Uma pesquisa realizada pelo grupo INSA, divulgada na quarta-feira (1º), revelou que apenas 16% dos entrevistados afirmaram acreditar que Olaf Scholz será reeleito chanceler nas eleições do país, que foram antecipadas para o dia 25 de fevereiro.
A pesquisa mostrou também que 49% disseram acreditar na vitória da coligação de oposição ao Partido Social Democrata (SPD, na sigla em alemão), que une os partidos União Democrata Cristã (CDU, na sigla em alemão) e União Social Cristã (CSU, na sigla em alemão), e 53% afirmaram acreditar que o líder da coligação, Friedrich Merz, será eleito o novo chanceler. Outros 15% creem na vitória do partido nacionalista Alternativa para a Alemanha (AfD, na sigla em alemão).
"Embora os partidos tradicionais ainda tenham uma liderança dentro do âmbito nacional, essas eleições podem trazer essa extrema-direita como uma força política relevante. E acho que isso mostraria uma mudança significativa no cenário político alemão", comenta Gonçalves sobre o cenário na Alemanha.
Uma vitória do nacionalista AfD, por exemplo, ocasionaria uma "mudança no cenário político alemão, que é a principal economia da União Europeia, trazendo impactos diretos para toda a União Europeia, em especial nos temas de política, de integração econômica e, principalmente, em temas de imigração", acrescenta.

COP30: o que esperar?

Em novembro o Brasil vai receber, na cidade de Belém, a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025 (COP30).
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Para Gonçalves, trata-se de um momento significativo, sim, de discussões internacionais sobre transição energética, sobre financiamento climático.

"Pela primeira vez a gente vai ter uma Conferência das Partes que vai discutir mudança climática sediada na Amazônia, que é uma das regiões mais emblemáticas para a gente discutir qualquer questão de meio ambiente a nível global", ressalta.

A professora destaca, ainda, o protagonismo que o Brasil vai recuperando na agenda climática, "completamente enfraquecido durante o governo do [Jair] Bolsonaro".
Frizzera, por sua vez, afirma que a COP30 terá um peso muito maior que a COP29, realizada no ano passado, no Azerbaijão. Segundo ele, a política ambiental faz parte da identidade da diplomacia brasileira.

"É um contorno que quase que nasce conjuntamente com a redemocratização do Brasil. Começando lá pela ECO-92, que no século XX possivelmente foi o maior encontro internacional que o Brasil recebeu na sua história no século XX", completa o pesquisador.

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