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Trump pressiona por aumento de gastos militares e UE se submete: até quando Espanha pode suportar?

© AP PhotoO presidente dos EUA, Donald Trump, faz um discurso virtual no Fórum Econômico Mundial em Davos
O presidente dos EUA, Donald Trump, faz um discurso virtual no Fórum Econômico Mundial em Davos - Sputnik Brasil, 1920, 26.01.2025
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Depois de ameaçar a integridade territorial da UE, os apelos de Washington por um aumento sem precedentes nos gastos militares estão encontrando simpatia em Bruxelas, onde líderes europeus defendem o aumento do militarismo.
Os apelos por maiores gastos militares na Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) e na União Europeia (UE) ganharam força após Donald Trump, no Fórum Econômico Mundial em Davos, enfatizar a necessidade de aumentar o investimento em defesa para 5% do Produto Interno Bruto (PIB) de cada país. Essa demanda foi bem recebida pela chefe da diplomacia europeia, Kaja Kallas, e por países do Leste Europeu, como a Polônia.
Durante um discurso na Agência Europeia de Defesa, Kallas concordou com Trump, prevendo que a Rússia atacaria a UE daqui a três ou cinco anos, e afirmou que é hora de investir em defesa para proteger o suposto estado de bem-estar social da UE.
O primeiro-ministro polonês, Donald Tusk, também demonstrou disposição de atender às exigências de Trump, vendo-as como um "desafio positivo".

Isso é o resultado de ter "toda a política europeia subordinada à relação com os EUA", explicou à Sputnik a socióloga Nahia Sanzo, analista do GeopolitikaZ, um grupo de investigação multidisciplinar do Departamento de Ciência Política e Administração da Universidade do País Basco (UPV/EHU).

A Espanha, que destina apenas 1,28% do seu PIB ao orçamento militar, está em uma posição desconfortável. Pedro Sánchez, quando questionado em Davos sobre a possibilidade de enviar tropas espanholas para a Ucrânia como parte de uma força de manutenção da paz, se limitou a reafirmar os compromissos já estabelecidos com a OTAN.

Para o sociólogo e membro do grupo de análise política Tertulias en Cuarentena Daniel Seixo, "não podemos falar de tropas de paz se elas são da OTAN. A Espanha faz parte dessa aliança, faz parte de um esforço agressivo contra a Rússia, então não pode atuar como uma força de paz na Ucrânia".

Para Nahia Sanzo, a resposta de Sánchez reflete uma tendência de seguir o ritmo imposto por Bruxelas e pela OTAN, consistente com a política externa espanhola. Se houver um acordo para enviar tropas à Ucrânia, a Espanha contribuirá como faz nas missões no Leste Europeu.
Donald Trump segura a carta que o ex-presidente Joe Biden deixou para ele na mesa enquanto assina ordens executivas no Salão Oval da Casa Branca, em Washington DC. EUA, 20 de janeiro de 2025 - Sputnik Brasil, 1920, 26.01.2025
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Pressão inevitável

A ministra da Defesa espanhola, Margarita Robles, afirma que o investimento em defesa é "permanente" e destaca que o PIB espanhol está crescendo, o que aumenta os recursos destinados à defesa. No entanto, a Espanha enfrenta pressão crescente para aumentar os gastos militares, um constrangimento difícil de evitar.
A situação é agravada pelo fato de o governo de Sánchez não ter conseguido aprovar o orçamento geral do Estado para 2025, o que impede aumentos significativos nas verbas de defesa. Países como Espanha, Bélgica e Portugal estão abaixo do percentual exigido pela OTAN, e a pressão de Washington pode aumentar.
Sanzo acredita que a OTAN está parasitando a UE e a soberania dos Estados-membros, tornando difícil para governos como o de Madrid resistirem à pressão militarista. Para ela, os governos europeus podem se tornar mais autoritários para conter protestos sociais resultantes deste debate e do aumento dos gastos militares.
A Espanha enfrenta uma encruzilhada: resistir e tentar acalmar as forças contrárias ou aumentar os gastos militares, empobrecendo as classes trabalhadoras e provocando protestos sociais. A situação econômica do país, com inflação alta e custos elevados de energia e imóveis, agrava a dificuldade de sobrevivência das famílias.
Sanzo argumenta que a institucionalização de gastos militares próximos de 5% do PIB eliminará a dissidência nos governos da OTAN. Ela lamenta que a remilitarização do continente seja uma prioridade maior do que manter pensões, melhorar a educação ou garantir a saúde. A submissão da UE aos EUA dificulta a resistência a iniciativas como a pressão sobre a Dinamarca, demonstrando a fraqueza política e econômica da Europa.
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Sánchez, um opositor de Trump

Pedro Sánchez se posiciona como um dos principais opositores às políticas de Donald Trump e critica figuras como Elon Musk e apoia iniciativas de regulamentação das redes sociais. No entanto, resta saber se essa postura é retórica ou uma tentativa de fortalecer sua posição interna, onde o Partido Popular pode ganhar poder com o apoio do Vox. Seixo lembra que em todo o Ocidente coletivo, há forças que "podem ganhar poder apoiadas pela influência norte-americana".

Sanzo explica que a crítica de Sánchez às redes sociais em Davos é uma forma de desviar a atenção da relação com os EUA e da ênfase nos gastos militares "acima de qualquer prioridade". Ela acredita que "qualquer resistência tem que se concentrar em outros aspectos".

As mudanças propostas por Sánchez sobre o anonimato nas redes sociais e combate à desinformação não diminuiriam o poder das empresas de tecnologia, que estão integradas ao governo Trump e buscam mais influência, explica a socióloga.
Sanzo conclui que a proposta de Sánchez é um "brinde ao sol", com poucas perspectivas de sucesso, e um sinal de fraqueza. Mesmo assim, a aparição de Sánchez é vista como uma pausa na falta de iniciativas na Europa, dada a falta de liderança atual.
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