"Uma das coisas que a gente pode esperar é um aprofundamento de uma política nacionalista e mais protecionista em termos de economia no governo americano, principalmente com aquele foco que o Trump dá, que é o do America First", diz Fernanda Nanci Gonçalves, professora do Programa de Pós-Graduação em Relações Internacionais da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).
"Talvez ele tenha mais facilidade para governar agora, porque ele está com maioria no Congresso, então acho que ele vai ter uma administração mais alinhada a ele, e isso também pode fazer com que ele passe algumas das suas medidas com mais facilidade, algumas das suas propostas", comenta.
"Ele já disse que no primeiro dia do mandato dele ele vai atuar até como um líder autoritário, e se espera que no primeiro dia ou nos primeiros dias ele conceda perdão a si mesmo, aos seus filhos e a todos os envolvidos naquela tentativa de invasão ao Capitólio. […] Isso que se espera no campo pessoal, um Donald Trump focado em vingança, nas palavras do próprio."
"Foi falado agora, há pouco tempo, por parte do governo chinês, que, se necessário, eles vão também controlar exportações de alguns produtos que são utilizados pelos Estados Unidos para produzir tecnologia que tem alto valor agregado", pontua.
Acordo entre Mercosul e UE: quando entrará em vigor?
"Sinceramente, eu acredito que ainda vai demorar. […] Ainda vai passar pela tradução do acordo, ainda vai passar por um processo de internalização do acordo que demanda, obviamente, a ratificação pelos Estados-membros, e aí que eu acho que a gente tem os grandes problemas. E o maior problema que a gente vai enfrentar certamente é a oposição dos países como, por exemplo, França, Áustria, Países Baixos, Bélgica, que têm um setor agrícola fortalecido", explica Gonçalves.
Troca de poder à vista na Alemanha
COP30: o que esperar?
"Pela primeira vez a gente vai ter uma Conferência das Partes que vai discutir mudança climática sediada na Amazônia, que é uma das regiões mais emblemáticas para a gente discutir qualquer questão de meio ambiente a nível global", ressalta.
"É um contorno que quase que nasce conjuntamente com a redemocratização do Brasil. Começando lá pela ECO-92, que no século XX possivelmente foi o maior encontro internacional que o Brasil recebeu na sua história no século XX", completa o pesquisador.