Panorama internacional

Vladimir Putin se reúne com imprensa do BRICS às vésperas da cúpula em Kazan

Hoje (18), o presidente russo Vladimir Putin está realizando uma reunião com os diretores das principais mídias dos países-membros do BRICS em Moscou, nas vésperas da 16ª Cúpula do BRICS em Kazan, de 22 a 24 de outubro.
Sputnik

Quais são peculiaridades de hoje em dia?

Segundo Putin, uma caraterística dos tempos atuais é a formação de outros centros de desenvolvimento no mundo. O crescimento do potencial econômico dos países do Sul Global vai ser acompanhado pelo aumento da influência deles no cenário mundial.

"Quanto aos membros do BRICS, como a China, a Índia, o Brasil e a África do Sul, é claro que o crescimento de seu potencial econômico vai ser acompanhado pelo crescimento de sua influência no mundo. Isso é absolutamente óbvio, é simplesmente um dado objetivo", disse Putin.

Ele ressalta que cada país do BRICS é valorizado e de interesse da comunidade global.
A prática mostra que a expansão do BRICS é um bom passo que aumenta a autoridade e influência da organização no mundo. Assim, os Estado-membros devem tratar os novos membros da associação com respeito.
A Rússia não está buscando reorganizar a ordem mundial, as mudanças estão ocorrendo de modo natural.
Putin indicou que essas mudanças começaram a surgir antes da crise ucraniana e a Rússia tenta facilitá-las.
Contudo, a criação de uma moeda única do BRICS não está sendo considerada no momento, revelou ele.
Agora, os países-membros querem intensificar o uso de moedas nacionais em pagamentos mútuos e estão estudando como implementar esta ideia.

"Gostaríamos de propor uma atitude seríssima, [...] é a questão do uso de moedas digitais em processos de investimento. E não apenas entre dos países-membros do BRICS, mas pelos países-membros do BRICS no interesse de outras economias em desenvolvimento que têm boas perspectivas de desenvolvimento", supôs Putin.

'Visita' de Putin ao Brasil

Quando perguntado pelo diretor editorial da CNN Brasil, Daniel Rittner, sobre a possível ida de Putin à Cúpula do G20 no Brasil diante do mandado do Tribunal Penal Internacional (TPI) para a prisão dele, o presidente russo respondeu que o tribunal não é reconhecido não só pela Rússia, mas também por EUA e China.
Em segundo lugar, as decisões do TPI, que o Brasil reconhece, podem ser evitadas de forma livre ao concluir um acordo intergovernamental.
Porém, sua ida à cúpula poderia atrapalhar o trabalho do G20, por isso o presidente da Rússia prometeu encontrar quem vai representá-lo no Brasil.
"Claro que entendemos o que está acontecendo ao redor da Rússia. E eu entendo. Tenho excelentes relações de amizade com o presidente Lula. Será que eu vou até lá de propósito para atrapalhar o trabalho normal deste fórum?”, explicou Putin.
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Crise na Ucrânia e possíveis resoluções

Ele disse, em resposta a Rittner, que a Rússia não sabia sobre o desenvolvimento de uma proposta por Brasil e China e que esses dois países não consultaram a Rússia quando a elaboraram, mas a chamou de ponderada.
Putin disse ter estudado os pontos da proposta sino-brasileira sobre a Ucrânia. De acordo com ele, é uma boa base para iniciar tentativas em busca da paz.

"Eu já disse: o lado ucraniano não considera possível realizar qualquer tipo de negociações. Ele apenas formula suas demandas e isso é tudo. Isso não é negociação. Eles estavam mantendo conversações conosco, mas as interromperam depois que os acordos foram alcançados em Istambul", disse Putin.

Falando da possibilidade de Ucrânia criar armas nucleares, o presidente russo acha que hoje em dia não é difícil criar tal arma, mas é uma provocação perigosa que enfrentaria uma reação correspondente.
"Posso dizer desde já que a Rússia não permitirá isso em nenhuma circunstância", concluiu o presidente.
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Pontos de tensão no mundo

O presidente Putin afirmou que a Rússia não se mete nas relações entre a China e os EUA, mas disse que a política norte-americana contra o país asiático é de caráter prejudicial.
Putin acredita que os Estados Unidos estão 15 anos atrasados, já não podem impedir o desenvolvimento da China e essas tentativas vão prejudicar a economia deles próprios.
"Os Estados Unidos precisam pensar. Aqui eles estragaram as relações com a Rússia, e isso tem um impacto negativo sobre eles, especialmente sobre o dólar. O mundo inteiro já pensou se vale a pena usar o dólar se os Estados Unidos, por motivos políticos, restringirem o uso do dólar como unidade de conta universal e internacional", sublinhou.
Segundo o presidente russo, o uso do dólar está diminuindo, tanto em termos de transações quanto de reservas.
A questão israelo-palestina também está em cima da mesa da Cúpula do BRICS, disse Putin, acrescentando que a posição da Rússia nesse assunto permanece a mesma, com base na fórmula aprovada pelo Conselho de Segurança da ONU.
"Temos uma posição tradicional desde os tempos da União Soviética, que, repito novamente, a principal maneira de resolver o problema palestino é a criação de um Estado palestino completo."
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É o primeiro encontro separado do presidente russo com os jornalistas do BRICS.
Essas reuniões eram tradicionalmente realizadas no Fórum Econômico Internacional de São Petersburgo, no qual o chefe de Estado discutia questões atuais da política interna e externa da Rússia com os líderes de publicações internacionais em um formato de perguntas e respostas.
A mídia russa é representada por Dmitry Kiselev, diretor-geral do grupo midiático Rossiya Segodnya, do qual a Sputnik faz parte.
O lado brasileiro é representado pelo diretor editorial da CNN Brasil, Daniel Rittner, que está na lista dos jornalistas mais respeitados do Brasil pela revista Jornalistas & Cia.
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O BRICS é uma associação interestatal criada em 2006. A Rússia assumiu a presidência do BRICS em 1º de janeiro de 2024.
O ano começou com a entrada de novos membros na associação: além de Rússia, Brasil, Índia, China e África do Sul, o BRICS agora inclui Egito, Etiópia, Irã, Emirados Árabes Unidos e Arábia Saudita.
A 16ª Cúpula do BRICS em Kazan vai ser o principal evento da presidência russa.
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